Boletim Informativo nº 138 | Janeiro 2010

9.º Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Oficial Portuguesa – 9.º SILUSBA

(Extracto das Conclusões da Comissão Científica, apresentadas na sessão de encerramento por J. P. Lobo Ferreira)

O 9º SILUSBA realizou-se em Angola, na Cidade de Benguela, de 26 a 30 de Outubro de 2009. Esta síntese procura dar conta do espírito em que decorreram os trabalhos e das comunicações apresentadas nos temas recursos hídricos e ciclo urbano da água. Constatou-se a já tradicional dinâmica e vontade de partilha aberta, clara e pro-activa, das experiências dos participantes, que, em paralelo com os aspectos mais técnico-científicos, apresentaram estudos de caso desenvolvidos em Angola, no Brasil, em Cabo Verde, em Moçambique e em Portugal.

Dos nove SILUSBA, três foram realizados em África. No primeiro, em Maputo, cujo foco incidiu nas questões práticas relacionadas com a reconstrução nacional dos novos estados de língua oficial portuguesa em África, cerca de 360 participantes apresentaram as suas experiências, preocupações e propostas de solução. Seguiu-se Cabo Verde onde se reconheceu a necessidade de passar à acção sempre garantindo as adequadas bases cientificas.

É grato verificar agora, no terceiro SILUSBA realizado em África, que este espírito de ligação à prática seja cada vez mais uma realidade. A delegação portuguesa mostrou, de forma eficiente e pragmática, o seu vasto conhecimento da realidade angolana, moçambicana e cabo-verdiana. Também a presença activa dos técnicos e docentes universitários de Angola, com especial relevo para os do GABIHC e da Universidade Agostinho Neto, mostraram o bom rumo da engenharia de recursos hídricos em Angola.

A presença do Brasil evidenciou a sua experiência em vários domínios da gestão dos recursos hídricos no contexto de uma estrutura federativa e estadual em harmonia com secretarias executivas, com especial menção à experiência de Pernambuco.

Pela primeira vez esteve representada a recém criada Associação Cabo-verdiana dos Recursos Hídricos (ACRH), através do seu Presidente Eng.º António Pedro Pina. A delegação de Cabo Verde teve uma participação pro-activa ao destacar a temática do combate à escassez hídrica e a complexidade das soluções alternativas a ponderar.

São Tomé e Príncipe, onde se prevê seja realizado o quarto SILUSBA em África, esteve, também, activamente representado.

 



 

 

Como nota conclusiva, destacam-se os seguintes temas de entre os apresentados e debatidos neste 9º SILIUSBA:

  • Problemas de intrusão salina e contaminação de poços (Cabo Verde, Moçambique, Luanda, Portugal) e. Barragem de Poilão em Cabo Verde.
  • Níveis de tolerância a teores de sais no solo e água com vista a uma agricultura sustentável (Cabo Verde e Portugal).
  • Plano Nacional Director da Irrigação de Angola – Boa caracterização do território angolano.
  • Abastecimento rural com água subterrânea (Moçambique e Angola). A problemática do não licenciamento das captações de águas subterrâneas. Medidas para ultrapassar a situação exemplificadas pelos SIG em Cabo Verde.
  • Plataforma móvel e modelação matemática para o cumprimento da DQA em Portugal.
  • Sistema de suporte à decisão (e. s. Alqueva, Portugal).
  • Implementação de legislação ambiental em Angola e o elevado potencial financeiro do país.
  • Articulação entre o Planeamento do Território e o Planeamento dos Recursos Hídricos (o caso do PROT-Norte em Portugal).
  • Definição de critérios de exploração de águas subterrâneas para evitar a sobre-exploração de aquíferos.
  • Modelos, métodos e critérios de avaliação de recursos hídricos subterrâneos e soluções técnico-científicas como a recerga artificial de aquíferos para combate às secas e à intrusão marinha. Índices GALDIT e GABA-IFI desenvolvidos no LNEC.
  • Realce para a importância dos estudos de base para fixação correcta dos perímetros de rega, nomeadamente em Angola.
  • Metodologias para a avaliação do potencial hídrico e energético, nomeadamente aplicados à bacia do Cunene em Angola.
  • Realce para a experiência angolana na reabilitação de importantes infra-estruturas hidráulicas com especial relevo para a recuperação com sucesso da Barragem do Gove.
  • A caracterização da dinâmica e dos problemas da orla costeira angolana, com realce para a qualidade da Água (especialmente em Luanda-Mussulo) e a ocupação da orla costeira, como graves problemas actuais.

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