Apostar na Literacia das Zonas Costeiras1

 

O Ministério do Mar, através de Direção Geral das Políticas do Mar, criou, em 2017, o programa educativo Escola Azul que tem como missão promover a literacia dos oceanos na comunidade escolar e formar gerações mais responsáveis e participativas, que contribuam para a sustentabilidade dos oceanos.


Recentemente a Fundação Oceano Azul, conjuntamente com o Oceanário de Lisboa, a Direção Geral da Educação e a Câmara Municipal de Mafra lançaram o programa “Educar para uma geração azul”, também com o objetivo de melhorar a literacia dos oceanos nas salas de aula e formar uma geração de jovens mais conhecedora do Oceano. Estas iniciativas têm sido bem-sucedidas e hoje existe uma maior consciencialização para a sustentabilidade do oceano e dos recursos marinhos e para a sua proteção.


“É frequente que o público em geral e, mesmo, os técnicos envolvidos na gestão costeira esqueçam ou não estejam plenamente conscientes de que as zonas costeiras constituem, na realidade, um recurso marinho”, Dias et al. (2009). De facto, as zonas costeiras continuam esquecidas mesmo no âmbito da Literacia dos Oceanos e nos programas educativos acima referidos. Nestes programas as zonas costeiras resumem-se à biodiversidade das plataformas rochosas marinhas e à importância da sua conservação, sendo o resto considerado apenas como praia. Para o comum cidadão, onde se incluem muitos políticos e decisores, a praia é vista apenas como o areal que se estende até onde as ondas chegam ou, na melhor das hipóteses até onde estas rebentam, Dias et al. (2009). Contudo, a praia tem uma dinâmica própria que é urgente conhecer e dar a conhecer.


É por isso urgente educar todas as gerações para a importância e para a dinâmica das zonas costeiras. Estas são uma fronteira frágil entre o mar e as comunidades litorais edificadas. A erosão costeira, as alterações climáticas e a previsível subida do nível médio da água do mar têm já, e terão ainda mais no futuro, repercussões visíveis na vida das comunidades litorais. Por isso, é urgente investir na literacia das zonas costeiras através da sua inclusão nos programas referidos anteriormente, ou através da criação de um programa dedicado.


Muitos dos erros cometidos na gestão costeira advêm do facto de políticos, decisores e cidadãos comuns desconhecerem este ecossistema e o seu funcionamento. As decisões ao nível da gestão costeira têm de ser necessariamente as melhores decisões. Para serem eficazes implicam inevitavelmente uma população informada e consciente dos processos, riscos, vulnerabilidades e consequências. Apostar na literacia das zonas costeiras é assim fundamental para construirmos um futuro suportado na sustentabilidade destes ecossistemas e na sua eficaz gestão integrada.
Porque a zona costeira não é apenas praia, o investimento na segurança das populações e infraestruturas passa necessariamente pela aposta no aumento da literacia das zonas costeiras.

 


1 Texto produzido pela CEZCM – 13/01/2021 – relator: A.C. Garcia 
Dias, J.A., Antunes do Carmo, J. e Polette, M. (2009). As Zonas Costeiras no contexto dos Recursos Marinhos. Revista da Gestão Costeira Integrada 9(1):3-5.

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