APLICAÇÃO DA MODELAÇÃO MATEMÁTICA AO CÁLCULO DE CAUDAIS E PRISMAS DE MARÉ EM SISTEMAS ESTUARINOS

Título:

APLICAÇÃO DA MODELAÇÃO MATEMÁTICA AO CÁLCULO DE CAUDAIS E PRISMAS DE MARÉ EM SISTEMAS ESTUARINOS

Resumo:

Os processos físicos associados à dinâmica das águas estuarinas têm uma influência
significativa na variação da sua qualidade química e do seu estado ecológico, sendo a eutrofização
desses meios hídricos consensualmente reconhecida como um problema actual à escala global,
originado pelo incremento de actividades antropogénicas geradoras de descargas excessivas de
nutrientes nos meios receptores, que, em situações extremas, podem conduzir à ocorrência de
ambientes anóxicos e à proliferação de cianobactérias, que, ao libertarem substâncias de elevada
toxicidade, colocam em risco a biodiversidade do ecossistema e a utilização desse meio hídrico como
origem de água para abastecimento.
No âmbito de um estudo sobre a influência da hidrodinâmica no estado trófico do estuário do rio
Mondego, face ao gradiente de eutrofização observado no interior do seu braço sul, foi desenvolvido o
modelo MONDEST (integrando hidrodinâmica e qualidade da água) com o objectivo de sustentar e
aprofundar o conhecimento da dinâmica dos processos associados à produção primária e secundária
neste ecossistema, considerando cenários de gestão definidos criteriosamente em função dos
diferentes regimes de maré e de caudal fluvial.
Neste trabalho foi dada especial atenção à determinação da variação espacial das assimetrias
dos períodos de enchente e de vazante ao longo do estuário, para cada cenário, de modo a obter um
cálculo mais rigoroso dos caudais e prismas de maré, que considera a dinâmica dos parâmetros
hidráulicos ao longo do ciclo de maré. Em vez de se adoptarem secções de vazão médias no cálculo
de caudais de maré médios e com eles se proceder à determinação do prisma de maré, preconiza-se
uma nova metodologia que inverte este processo de cálculo, partindo do cálculo automático dos
prismas de maré e das durações reais da enchente e da vazante, correspondentes aos volumes
máximos e mínimos de água existentes em cada subdomínio do estuário. Estes volumes variam em
função da batimetria (principalmente nas vastas áreas de sapal do braço sul), da amplitude da maré e
da grandeza dos caudais fluviais que afluem a esse estuário, factor este muitas vezes negligenciado
em estudos visando a determinação dos prismas de maré em sistemas estuarinos.

Autores:

António A. L. S. Duarte, José M. P. VIEIRA

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