Estimação de caudais de ponta de cheia em situação de escassez de registos de caudais instantâneos máximos anuais

Título:

Estimação de caudais de ponta de cheia em situação de escassez de registos de caudais instantâneos máximos anuais

Resumo:

As amostras de caudais instantâneos máximos anuais disponíveis nas estações hidrométricas de Portugal Continental apresentam frequentemente dimensão reduzida, circunstância que introduz incerteza acrescida ou mesmo impossibilita a estimação de caudais de ponta de cheia apoiada na análise estatística dessas amostras. Um novo método para melhorar ou permitir as estimativas nas anteriores circunstâncias foi desenvolvido e testado em bacias hidrográficas portuguesas, DELGADO, 2007. O método baseia-se no pressuposto de que as magnitudes relativas das cheias em duas bacias hidrográficas geograficamente próximas e pertencentes a uma mesma região hidrologicamente homogénea devem ser semelhantes por estarem associadas a acontecimentos pluviosos com características de excepcionalidade afins. Deste modo, em face da necessidade de estimar caudais de ponta de cheia numa dada bacia hidrográfica em que apenas se dispõe de uma amostra reduzida de caudais instantâneos máximos anuais, propõe-se que a ordenação dos caudais dessa amostra, necessária ao cálculo das probabilidades empíricas de não-excedência a considerar na análise estatística da amostra, seja efectuada atendendo à magnitude relativa das cheias a que se referem aqueles caudais, por meio do que se designou por operador de ordenação. A apreciação da anterior magnitude é efectuada com base noutra bacia hidrográfica que, sendo próxima da bacia objecto da análise de cheias e inserindo-se na mesma região homogénea, no que respeita a caudais de ponta de cheia, disponha de uma série longa de caudais instantâneos máximos anuais. O operador de ordenação foi incluído num modelo de estimação de caudais de ponta de cheia baseado na aplicação da lei de Gumbel com parâmetros estimados pelo método dos mínimos quadrados. No caso de amostras com reduzida dimensão, concluiu-se que, comparativamente à estimação de caudais de ponta de cheia baseada unicamente na informação fornecida por essas amostras, o recurso ao operador de ordenação conduz a melhores estimativas dos caudais de ponta de cheia. Apresenta ainda a vantagem de permitir incorporar informação relativa a cheias históricas excepcionais. No presente artigo procede-se a uma descrição breve do método desenvolvido e apresentam-se alguns dos resultados obtidos mediante a sua aplicação a casos de estudo. Tal aplicação foi levada a cabo em duas etapas, uma primeira etapa de teste do método e uma segunda etapa de estimação propriamente dita de caudais de ponta de cheia.

Autores:

Maria Manuela Portela, José Miguel Martins Delgado

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