Litoral do Ceará: espaço de poder, conflito e lazer

Título:

Litoral do Ceará: espaço de poder, conflito e lazer

Resumo:

Este texto analisa do uso do litoral para o turismo no Ceará – Brasil, a partir das contradições e relações do poder na apropriação do território para o uso turístico. O turismo litorâneo cearense é um dos segmentos turísticos mais dinâmicos e tem causado impactos nesse frágil ecossistema fortemente agredido, explorado e ocupado. O turismo faz parte da mundialização do capital, dando respostas às crises da acumulação global, envolvendo o mercado, o Estado e a sociedade civil. Verifica-se como estratégias políticas dos governos, operacionalizadas pelas políticas públicas implantam infraestruturas. O turismo é uma atividade que implica o consumo dos espaços com formas de utilização estruturantes de paisagens e de negócios. Analisam-se as relações de poder na produção do espaço turístico, o que implica, necessariamente, compreender o espaço como algo socialmente produzido que expressa as contradições do modo de produção capitalista ou as contradições do espaço-mercadoria. Os territórios são meios e produtos dessas relações de força e de poder que no turismo também se estabelecem de forma contraditória e articulada, criando regiões turísticas. O turismo é uma atividade produtiva mundial que interfere na organização desigual e combinada dos territórios, sendo absorvido de maneiras diferenciadas pelas culturas e modos de produção. Origina processos que concentram e distribuem renda, aumentam e diminuem as formas de exploração dos trabalhadores, além de entrada e fuga das divisas. É uma atividade que, como as outras, necessita de controles dos governos e, sobretudo, da própria sociedade. As comunidades pesqueiras litorâneas não têm sido incluídas no desenvolvimento do turismo do Estado de forma justa, e este tem sido um grave problema no litoral. Investigou-se como o turismo tem se alocado no litoral do Ceará, e que impactos tem causado a estas comunidades tradicionais. Sobretudo buscou-se os caminhos que estão sendo seguidos para que comunidades possam se envolver com o turismo de forma esclarecida, consciente e madura, evitando radicalismos, considerando que a produção econômica hegemônica se dá de forma desigual, excludente, e, portanto, com bastantes conflitos. Buscar a excelência para o turismo no Ceará implica a definição de um modelo que entenda o turismo como atividade econômica hábil a produzir riqueza para as populações marginalizadas do processo econômico, resgatar e valorizar as manifestações artístico-culturais, conservar o meio ambiente, estabelecer sinergia com outras atividades econômicas e proporcionar aos visitantes e turistas uma experiência qualitativa e personalizada. Como conceber um turismo distribuidor de renda numa realidade como a do Brasil, que é considerado um dos piores países no que se refere às disparidades de renda entre ricos e pobres? E, no Ceará, que é considerado um de seus focos de pobreza? Romper com esse modelo concentrador de riqueza e buscar condições de geração de emprego e renda para as classes pobres são grandes dilemas que se impõem às políticas de turismo. Políticas empresariais especulando o litoral implantam resorts e originam formas de resistências criando o turismo comunitário, novo eixo do turismo, voltado para valores humanos, conservação ambiental e menos para a acumulação. Indícios de adaptações do turismo, demonstrando que outro turismo é possível.

Autores:

Luzia Neide Menezes T. Coriolano

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