Caros Associadas e Associados, Colegas e Amigos,

Entre 7 de dezembro e 13 de dezembro de 2022 ocorreram precipitações na região da grande Lisboa que foram responsáveis por inúmeras inundações, associados a estragos materiais e perdas de vidas humanas. É, pois, importante refletir sobre as causas de tamanha desgraça e constrangimentos na rotina do dia a dia, que ocorreu, como sempre neste tipo de fenómenos, de “surpresa”. Atendendo que a causa meteorologia e a maré são fatores reincidentes e sobejamente conhecidos na zona afetada pelas inundações, há sim a necessidade de identificar novos fatores que conduziram aos elevados danos. Um dos fatores relevante é seguramente a ocupação do território, que conduz à impermeabilização dos solos (aumento da precipitação útil) e à ocupação das margens e dos leitos dos cursos de água (maior proximidade ao risco das cheias). Esta ocupação do território amplifica o fenómeno das inundações, isto é, uma precipitação semelhante ou inferior provoca uma maior extensão destas e uma maior perigosidade. Neste contexto, a ocorrência de um fenómeno meteorológico de magnitude relevante provoca necessariamente um fenómeno hidrológico extremo. As precipitações ocorridas com duração entre uma hora e seis horas nos dias 7-8 de dezembro de 2022 e 12-13 de dezembro de 2022, apesar de terem sido inferiores aos valores máximos históricos na região Lisboa, os seus máximos estão associados a períodos de retorno de cerca de 50 anos no evento de 7 de dezembro (acumulados uma e duas horas) e de aproximadamente 100 anos no evento de 13 de dezembro (acumulado em três horas).

Por outro lado, inesperadamente, no período caracterizado pelo conhecimento, informação, tecnologia e comunicação não foi possível recorrer a um sistema de previsão e alerta, que poderia ter minimizado alguns dos danos, independentemente de ainda não existir um sistema infraestrutural específico para o efeito (sistema de drenagem que assegure o escoamento das águas nos eventos de cheias). Este sistema de previsão e alerta existe? está adequado às necessidades? necessita de atualização tecnológica? está operacional? comunica com todos os envolvidos? Estas são uma parte das questões a saber. Contudo, fica a sensação que o que difere das inundações históricas é existir um sistema de proteção civil, que socorre na sequência dos estragos provocados.

Em sentimento contrário, verificou-se o aumento significativo das afluências a diversas albufeiras importantes, que estavam com armazenamento diminutos, resultantes dos vários anos de seca (desde 2019), contribuindo significativamente para a reposição na totalidade das reservas hídricas de algumas albufeiras (e.g. Veiros, Maranhão e Abrilongo). Contudo, existe, ainda, um grupo de albufeiras com armazenamento reduzido (e.g. Burga, Vale Madeiro, Arcossó, Bravura, Campilhas, Monte da Rocha). Esta informação, relacionada com os armazenamentos das albufeiras, pode ser consultada em https://sir.dgadr.gov.pt/reservas, onde se constatar que os armazenamentos estão ainda, genericamente, abaixo de um cenário de ano seco.

No âmbito dos 45 anos da APRH, é de destacar as sessões promovidas pela Comissão Especializada de Hidráulica Fluvial (14 de dezembro) e pelo Núcleo Regional Sul (12 de dezembro de 2022), que contou com a presença de associados e não associados da APRH.

Por fim, destaca-se o testemunho do Presidente da Comissão Diretiva da APRH na edição comemorativa dos 29 anos da Ambiente Magazine, onde refere alguns pontos que ainda são necessários avançar no setor da água, como a redução de perdas nos sistemas de abastecimento à população e aos regantes e a aposta na digitalização para responder ao desafio da sociedade.

Relembramos que continua a decorrer o período para submissão dos resumos ao 16.º Congresso da Água. Todas as informações sobre o Congresso estão disponíveis em: https://www.aprh.pt/pt/16ca/

Igualmente, convidamos os Associados individuais e coletivos da APRH para partilharem ideias/opiniões, através de notícias ou artigos de opinião (com a dimensão máxima de 1 página A4, a enviar para [email protected]).

Como habitualmente, trazemos mais notícias sobre os recursos hídricos, esperando que suscitem curiosidade e vontade de partilha de saberes.

Desejamos uma Festas Felizes.

O próximo número da newsletter será depois do período festivo, a 6 de janeiro.

A Comissão Diretiva da APRH

 

Desde a criação da APRH, cumpriram-se 45 anos de alterações profundas no quadro legal e institucional que enquadra as intervenções no espaço fluvial. Mudaram também as nossas formas de nos relacionarmos com os rios, valorizando aspectos patrimoniais e culturais, mas não deixando de procurar salvaguardar a segurança física e económica das comunidades.

Ficou claro na sessão, que o futuro trará outros desafios, não menos importantes que os já ultrapassados. Para os enquadrar, a CEHF, no âmbito da APRH, procurará sempre promover o debate e a discussão de ideias e modos de ver que, ainda que superficialmente pareçam irreconciliáveis, possam contribuir para que as decisões que vão moldando a nossa interacção com o espaço dos rios, nas suas múltiplas dimensões, conduzam a um progresso real.

Neste contexto de cheias e inundações, fica um excerto de um poema de T-S Elliot que remete para a nossa relação com os rios. Não me parece que o excerto termine com um ameaça, mas sim com a nota da eterna disponibilidade da natureza para que nos reconheçamos nela e com ela trabalhemos.

“[…]I think that the river
Is a strong brown god—sullen, untamed and intractable,
Patient to some degree, at first recognised as a frontier;
Useful, untrustworthy, as a conveyor of commerce;
Then only a problem confronting the builder of bridges.
The problem once solved, the brown god is almost forgotten
By the dwellers in cities—ever, however, implacable.
Keeping his seasons and rages, destroyer, reminder
Of what men choose to forget. Unhonoured, unpropitiated
By worshippers of the machine, but waiting, watching and waiting.
[…]”

T-S. Elliot, The Dry Salvages, #3 of the Four Quartets

Votos de festas felizes,
Melhores cumprimentos,
Pela CEHF,
Rui Ferreira

Relato do evento

No âmbito do plano de atividades do Núcleo Regional do Sul da APRH ocorreu no passado dia 12 de dezembro a 1ª sessão do ciclo de debates em torno dos Recursos Hídricos com o tema “A importância da recarga artificial de aquíferos em situações de escassez”.

Atendendo à prevista diminuição futura dos valores das precipitações e das disponibilidades hídricas superficiais que se esperam para a região Sul do país apresentada pelos diferentes organismos mundiais incluindo o IPCC a par com o aumento crescente das necessidades de água a Sul, com especial relevo para a agricultura, onde a superfície regada já é superior a 200 000 ha, torna-se urgente a alteração de paradigma com vista a uma verdadeira abordagem de Gestão Integrada de Recursos Hídricos.

É neste enquadramento que o tema da Recarga Artificial de Aquíferos (MAR) assume especial importância nos anos em que ocorrem excedentes hídricos permitindo o armazenamento de água em condições muito vantajosas ao nível dos aspetos de qualidade da água e de sustentabilidade ambiental na relação solo-água-biota, permitindo reforçar a capacidade dos aquíferos enquanto importante origem de água.

Para o efeito esta 1ª sessão contou com a ilustre presença do orador Dr. João Paulo Lobo Ferreira (Investigador-Coordenador do LNEC) que apresentou inúmeros exemplos de estudos e projetos de investigação científica nacionais e internacionais, de cooperação internacional assim como sugestões para mitigação de cheias e secas no Sul de Portugal Continental o que permitiu alimentar um acesso debate com múltiplas questões a serem colocadas pela audiência.

#AmbienteMagazine29Anos: Água

Para assinalar os 29 anos da Ambiente Magazine, desafiamos todo o setor - Água, Energia, Resíduos, Agricultura, Florestas - a partilhar, por um lado, as grandes mudanças estruturais em cada área e, por outro lado, o que pouco mudou, havendo uma necessidade urgente de ação.

A "Água" por:

  • Filipa Alves, Administradora da Águas do Centro Litoral
  • José Furtado, Presidente da Águas de Portugal
  • Filipe Araújo, Presidente do Conselho de Administração da Empresa Municipal Águas e Energia do Porto (Beba Água do Porto)
  • Rui Godinho, Presidente do Conselho Diretivo da APDA - Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas
  • Carlos Coelho, Presidente da Comissão Diretiva da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos
  • Pedro Perdigão, CEO da #INDAQUA
  • Jaime Baptista, Presidente da LIS-Water
  • Carlos Vieira, Diretor Delegado dos SMAS de Sintra
  • Alexandra Serra, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico
  • Eduardo Marques, Presidente da #AEPSA

 

Agenda APRH

Papel
da APRH

Data

Evento

Coorganizador

janeiro 2023

Curso EPANET/SWMM

Organizador

10 janeiro 2023

Contributos do Núcleo Regional Norte da APRH para a gestão e preservação dos recursos hídricos
na região

Organizador

21-24 março 2023

16.º Congresso da Água: “Viver com a Água”

Parceiro

10 maio
2023

3rd International Conference on Water, Energy, Food and Sustainability - ICoWEFS 2023

Organizador

Nova data a definir

9º Seminário da APRH-NRNorte


Sessão de Apresentação do Projeto LIFE-PREDATOR

O projeto LIFE Predator foi recentemente financiado pela Comissão Europeia e teve início em Setembro deste ano. 

A apresentação pública do Projeto LIFE-PREDATOR, irá decorrer no dia 20 de Dezembro de 2022 entre as 9h30m e 12h00, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, edifício C6, piso 2, sala 56.

O evento será presencial e terá ainda a possibilidade de participar remotamente caso não seja possível participares presencialmente. Formulário de inscrição

Outros eventos

Mantenha-se a par dos eventos relacionados com os recursos hídricos, a nível local, nacional e internacional

 

Águas de Santarém: um compromisso reconhecido com a sustentabilidade

12 de dezembro

FENAREG considera insuficientes os apoios ao regadio no PEPAC

As associações de regantes consideram que os apoios do PEPAC são insuficientes para modernizar o regadio coletivo e propõem ao Governo uma solução de financiamento multifundos. Nas XIII Jornadas da FENAREG - Encontro do Regadio 2022, realizadas a 28 e 29 de novembro, na Associação de Beneficiários da Cela, em Alcobaça, os regantes apelaram também à revisão urgente dos perímetros dos aproveitamentos hidroagrícolas, adiada há mais de duas décadas.

ECODEPUR: A nova gama SBR AQUADEPUR® para o tratamento descentralizado de águas residuais domésticas

A ECODEPUR dá a conhecer a nova gama SBR AQUADEPUR® para o tratamento descentralizado de águas residuais domésticas.

Avaliação toxicológica de águas potáveis de reúso e potáveis convencionais

Estudo sugere que o reúso potável oferece uma solução confiável e sustentável para cidades e regiões que enfrentam escassez hídrica

A solução Water Wise System da Wakaru foi eleita uma das vencedoras do World Summit Award 2022 em soluções digitais para os ODS da ONU, na categoria Ambiente e Energia Verde

Os vencedores de 2022 demonstram como soluções digitais apoiam decisivamente os desafios sociais e ajudam a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS da ONU). O período de pandemia demonstrou a importância destas soluções. Os vencedores deste ano são um excelente exemplo de como soluções e aplicativos digitais podem ajudar a proteger o meio ambiente, apoiar a saúde, proporcionar educação inclusiva de alta qualidade, aproximar as pessoas e partilhar informações relevantes. Os projetos vencedores demonstram a globalidade e a diversidade presentes na riqueza das soluções de conteúdo digital.
O World Summit Award WSA 2022, teve o contributo de quase 100 estados membros da ONU, e a presença de cerca de 800 projetos e produtos para apreciação. 
A plataforma Water Wise System® de Wakaru® foi escolhida para estar entre os 40 mais destacados!
O prémio atribuído ao Water Wise System®, será reconhecido junto de um público internacional no WSA Global Congress,. A Wakaru® receberá o prémio na categoria de meio ambiente e energia verde neste encontro que se realizará entre 08 e 11 de março de 2023 em Puebla, no México.
O WSA Global Congress é um evento internacional de networking e de partilha de conhecimento para todos os interessados no uso da tecnologia digital e alcançar os ODS da ONU.

Por que os oceanos estão mais ácidos. E quais os efeitos disso

Águas mais corrosivas alteram equilíbrio nos mares, colocam em risco o importante ecossistema dos recifes e ameaçam a biodiversidade marinha

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