Boletim Informativo 148 | Dezembro 2014

Custo energético da Água na Agricultura

4 de dezembro

Integrado no Ciclo de Debates NRS-APRH/FENAREG realizou-se no passado dia 4 de dezembro o debate “Custo energético da Água na Agricultura”, no auditório Municipal em Portel.
Estiveram presentes 65 participantes, incluindo membros da APRH-NRS e da FENAREG, representantes de empresas da área agrícola e pecuária (Torre das Figueiras), empresas de sistemas de regadio, consultadoria, equipamentos e serviços na área de projetos de rega (EDIA; AQUAGRO; COBA), administração central e regional (DGADR e DRAPAL), associações de beneficiários (Roxo, caia, Lucefecit e Campilhas), associações de apoio técnico (Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio, COTR) alunos de mestrado e técnicos a título individual, 35 alunos e 5 professores da EB23 de Portel dos cursos profissionais com abordagem letiva no regadio.

Temas Tratados:
A 1ª intervenção, realizada pelo Eng.º Jorge Vazquez da EDIA, abordou a “Concepção de projecto hidráulico vs custo energético”;
A 2ª intervenção, realizada pelo Prof. Carlos Marques da Universidade de Évora, tendo presente a sua experiência e formação em gestão de empresas e economia agrícola, foi sobre a “Avaliação económica de tarifas de água no sector agrícola”;
A 3 intervenção, realizada pelo Eng.º Ilídio Martins, representante da FENAREG, foi sobre "Água e Energia no Regadio - Perspetiva do Setor".



PRINCIPAIS CONCLUSÕES:
Foram apresentadas e discutidas sugestões e ideias base a ter em conta para reduzir os consumos de água e energia, bem como aspetos a considerar na definição do tarifário aplicado ao fornecimento de água para rega na agricultura. Ficou também a conhecer-se melhor o projeto do Alqueva e o trabalho da FENAREG, tendo sido apresentado um resumo muito interessante da situação atual a nível nacional, no que respeita à evolução da área de regadio, consumos de água e energia na agricultura e a sua implicação ao nível do preço da água. 

 

Verifica-se um aumento na eficiência do uso da água a nível nacional, no entanto, isso tem vindo a implicar um maior consumo de eletricidade, sendo fundamental investir na redução destes consumos.
No que respeita ao preço da água, acredita-se que água gratuita não incentiva o aumento da produção. No entanto, se o preço for demasiado alto pode desequilibrar a estrutura de custos, conduzindo a reduções de áreas, sobretudo nas culturas em que existe maior flutuação de preços de mercado dos produtos agrícolas, como será o caso do milho. Nesse sentido a definição dos tarifários é sem dúvida uma questão sensível. O custo da água é uma questão importante no dia-a-dia dos agricultores. O cálculo das tarifas deve ser realizado de forma a permitir um equilíbrio entre o que o agricultor "pode pagar", o custo real e o horizonte de projeto. Surgiu também a necessidade de promover taxas mais homogéneas entre os vários subsistemas do EFMA.



O regadio apresenta uma grande componente política, visto que compete aos políticos decidir se o mesmo fica ou não incluído nas estratégias de desenvolvimento. Também ao nível da definição do tarifário da água, para além das questões técnicas, existe uma forte componente política.

A redução da área de regadio ao nível do país até 2007 poderá estar relacionada com uma redução nos preços dos produtos e uma redução ao nível da agricultura familiar. As grandes produções apresentam uma maior tendência para conseguir manter-se no mercado. A estrutura fundiária é um fator determinante para a competitividade, devendo os projetos de regadio ser acompanhados de emparcelamento das áreas beneficiadas. A região Alentejo (NUT II) tem respondido de forma positiva às estratégias que têm sido definidas a este nível, quer em termos públicos quer particulares, verificando-se, nos últimos anos, um aumento da área de regadio, ao contrário do que ocorre noutras regiões do país.

Em termos gerais pode-se concluir que a área do regadio apresenta ainda muitos desafios técnicos que passam pela área da engenharia, fatores de produção, gestão eficiente da água, sustentabilidade ambiental e energética, fatores políticos, etc.

O custo energético da água na agricultura revelou-se um tema muito oportuno e importante, existindo ainda muitos aspetos a discutir e a melhorar da definição e aplicação de tarifários. Por este facto poderá ser importante voltar a promover novos debates sobre esta matéria.
Mais detalhes sobre o Evento em
http://www.aprh.pt/index.php/pt/
eventos-actividades/organizados-
pela-aprh/2014/custo-energetico-
da-agua-na-agricultura
.

Outras publicações da APRH