Menu:

 

 

Volume 7, Issue 2 - 2007

 

Download (240KB, PDF)

 

 

  • Abstract / Resumo
  • References / Bibliografia
  • Citations / Citações

Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 7, Número 2, 2007, Páginas 97-104

DOI: 10.5894/rgci17
* Artigo sem revisão editorial

Análise da Ocupação Urbana das Praias de Pernambuco, Brasil

Analysis of Urban Occupation on Beaches in Pernambuco, Brazil

Maria Christina B. Araújo 1, Stella T. Souza 3,
Alessandra Carla O. Chagas 3, Scheyla C. T. Barbosa 3,
Monica F. Costa 2


1 - Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Estuarinos e Costeiros
Departamento de Oceanografia da UFPE; [email protected].
2 - Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Estuarinos e Costeiros
Departamento de Oceanografia da UFPE; [email protected]

3 - Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Estuarinos e Costeiros
Departamento de Oceanografia da UFPE


RESUMO
A zona costeira do Estado de Pernambuco, Brasil, compreende uma faixa de 187 km de extensão na qual se concentram 44% da população. O litoral é dividido em três setores: Norte, Metropolitano e Sul. O presente estudo realizou através de caminhamento, a identificação e demarcação georreferenciada dos trechos do litoral com relação à presença de ocupação urbana, observando-se a presença, ou não, de edificações no ambiente praial. Os trechos de praias de cada setor (Norte, Metropolitano e Sul) foram classificados em três graus de ocupação ou intervenção, de acordo com os seguintes critérios: ausência de ocupação da pós-praia; ocupação da pós-praia; e ocupação concomitante da pós-praia e da praia (estirâncio). Esses graus são acumulativos visto que, quando há ocupação na praia, infere-se que a pós-praia também já se encontra ocupada. As informações foram plotadas em cartas da SUDENE (1:25000) e posteriormente foi calculado o percentual da extensão total do litoral com ocupação na praia e na pós-praia e em cada setor (Norte, Metropolitano e Sul). Foram registradas: ausência de ocupações no ambiente praial em 134,9 km (72,1% da costa), ocupação da pós-praia em 13,4 km (7,1% da costa) e ocupação concomitante da pós-praia e da praia (estirâncio) em 38,6km (20,6% da costa). Nesses trechos, o ambiente praial se encontra comprometido, principalmente, pela presença de edificações ou estruturas rígidas que visam conter a erosão marinha. Geralmente essas estruturas são do tipo espigões, enrocamentos aderentes e quebra-mares. O setor Metropolitano é o mais fortemente ocupado, seguido pelos setores Norte e Sul respectivamente. Para estes últimos em 75% da costa não existe ocupação da pós-praia. Embora grande parte do litoral ainda se mantenha de certa forma livre dos problemas aqui descritos, a especulação imobiliária e a desinformação da população, serão fatores determinantes na mudança desse quadro. Em um curto espaço de tempo, se nenhuma medida preventiva for tomada, a fim de se poupar danos tanto econômicos quanto ambientais, o litoral de Pernambuco, estará severamente comprometido.

Palavras-chave: intervenção humana em praias; erosão costeira.

ABSTRACT
The coast of Pernambuco State has 187 km of length and concentrates about 44% of its population. According to GERCO-PE the 21 municipalities can be divided in three sectors: North, Metropolitan and South. Along the coast of Pernambuco, the occupation of the backshore and foreshore is frequently observed. In some stretches there have been interventions, made by the public sector, for control of coastal erosion. The present work aimed to make a survey of the conditions of occupation of beaches in Pernambuco. The presence of constructions and/or hard structures at the backshore and foreshore areas were marked with a GPS (north and south ends), specially along stretches where the occupation was disordered. The studied area was walked in May 2003 observing the presence, or not, of occupation on the beach. The stretches of beaches of each sector (North, Metropolitan and South) were classed into three degrees of occupation, or intervention, following the criteria: absence of occupation on the backshore; occupation on the backshore; and concomitant occupation of the backshore and foreshore. These degrees are cumulative since, when there is occupation on the foreshore, it is inferred that the backshore is also already taken. The types of occupations found were: constructions, seawalls, seawalls with wired cages, cemented wall, sand bags and others. The information was plotted on a map (SUDENE 1:25000) and the percentage of the total extension of the coast presenting occupations or hard structures on the backshore and foreshore at each sector was calculated. The percentages of occupation (extension in km) show that almost 3/4 of the coast (72,1%) does not present occupation on the backshore. The remaining ¼ presents occupation of the backshore (7,1%) and concomitant occupation of the backshore and foreshore (20,6%). In these stretches, the beach environment is compromised mainly for the presence of constructions or hard structures aimed to control sea erosion. Along the coast a great variety of structures used to control sea erosion was observed. Generally, these structures are of the type adherent ridges, seawalls and spits. Of these structures, two (sand bags and gabions), cause the worse aesthetic and environmental damages. The bags easily spread on the beach. And with the gabion the problem is the lose wires. When unbroken, it functions as a net, imprisoning great amounts of solid wastes; when broken it becomes a risk for beach users. Sectors North and South were the ones that presented the lesser levels of occupation when the total extension is considered: at ~75% of the coast, the occupation on the backshore is absent. These sectors still present stretches with well preserved native dune vegetation. However, such areas, for a question of proximity with the capital, will soon be occupied, as a consequence of the intense search of beach areas for housing and holidays observed in the last years. The construction of houses, and structures to protect them at improper areas, has been shown to be unsustainable. The coast of Pernambuco presents a situation where it is necessary to implement both preventive and corrective actions, in order to promote adequate use and occupation (or not) of the beach environments. Although a large part of the coast still remains free from the problems described here, the estate building interests will be the determinant factor of the change of this situation. In a short space of time, if no preventive actions take place, the coast of Pernambuco, will be severely compromised.

Keywords: human intervention on beaches; coastal erosion.

 

Breton, F.; Clapés, J.; Marquès, A. & Priestley, G. (1996). Ocean and Coastal Management. 32(3):153-180.

Costa, M.; Souza, S. T. de (2002). A Zona Costeira Pernambucana e o caso especial da Praia da Boa Viagem: Usos e Conflitos. In: Construção do Saber Urbano Ambiental: a caminho da transdisciplinaridade. Ed. Humanidades, Londrina. ISBN 85-8901120-8.

Daniel, H. (2001). Replenishment versus retreat: the cost of maintaining Delaware’s beaches. Ocean & Costal Management, 44: 87-104.

Dominguez, J. M. L.; Bittencourt, A. C. S. P.; Leão, Z. M. A. N. & Azevedo, A. E. G. (1990). Geologia do Quaternário Costeiro do Estado de Pernambuco. Revista Brasileira de Geociências, 20: 208 – 215.

Doody, J. P. (2001). Coastal Conservation and Management: an ecological perspective. Kluwer Academic Publishers, 308 p.

Esteves, L. S. (2001). Fatores Determinantes da ocupação costeira nas praias da Costa Brava, Balneário Camboriú (SC). Pesquisas em Geociências, 28 (2): 405 – 415.

Esteves, L. S. & Santos, I. R. (2001). Impacto econômico da erosão na praia do Hermenegildo (RS), Brasil. Pesquisas em Geociências, 28(2):393-403.

Gregório, M. N., Araújo, T. C. M. & Valença, L. M. M. (2004). Variação sedimentar das praias do Pina e da Boa Viagem, Recife (PE) Brasil. Tropical Oceanography, 31(1):39-52.

Lira, A. R. A. (1997). Caracterização Morfológica e Vulnerabilidade do Litoral entre as Praias da Enseadinha e Maria Farinha, Paulista – PE. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco - CTG, 96p.

Muehe, D. (2001). Critérios Morfodinâmicos para o Estabelecimento de Limites da Orla Costeira para fins de Gerenciamento. Revista Brasileira de Geomorfologia, 2(1):35-44.

Pereira, L.C.C.; Jiménez, J.A.; Medeiros, C.; Costa, R.M. (2003). The influence of the environmental status of Casa Caiada and Rio Doce beaches (NE-Brazil) on beaches users. Ocean & Coastal Management, 46:1011-1030.

Souza, S. T. de (2004). A saúde das praias da Boa Viagem e do Pina, Recife (PE), Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco. 99p.

Tessler, M. G. & Goya, S. C. (2005). Processos costeiros condicionantes do litoral brasileiro. Revista do Departamento de Geografia, USP. 17:11-23.

Villes, H. & Spencer, T. (1995). Coastal Problems: geomorphology, ecology and society at the coast. Edward Arnold, 350 p., Map of Pernambuco State coast, with the subdivision (North, Metropolitan and South sectors), according to GERCO-PE (www.cprh.pe.gov.br).

 

em construção