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Volume 11, Issue 3 - September 2011

 

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Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 11, Número 3, Setembro 2011, Páginas 315-325

DOI: 10.5894/rgci282
Submissão: 26 Abril 2011; Avaliação: 25 Junho 2011; Recepção da versão revista: 25 Julho 2011; Aceitação: 27 Julho 2011; Disponibilização on-line: 11 Agosto 2011.

Erosão Costeira - Tendência ou Eventos Extremos?
O Litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio, Brasil

Coastal Erosion – Trend or Extreme Events?
The Coastline Between Rio de Janeiro and Cape Frio, Brazil

Dieter Muehe 1


1 - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Programa de Pós-Graduação em Geografia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. e-mail: [email protected]


RESUMO
O litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio é formado por extensas praias associadas a cordões litorâneos arenosos, de orientação leste-oeste diretamente expostos a tempestades vindas do sul. O aporte de sedimentos continentais é completamente impedido pelo bloqueio dos cordões, também chamados de barreiras, cuja presença levou à formação de lagunas para as quais convergem os pequenos cursos de água que drenam o flanco oceânico do maciço costeiro.
Não obstante os claros indícios de erosão os resultados obtidos através da comparação de perfis topográficos, ao longo de diferentes arcos de praia, indica que, apesar das amplas variações na largura e volume dos perfis de praia, e mesmo retrogradação da escarpa da pós-praia, a linha de costa, na interseção da face da praia com o nível médio do mar, não apresentou, ao longo das últimas décadas, tendência de migração ou modificação do estoque de sedimentos. Um monitoramento mensal, durante catorze anos, do sistema praia-duna frontal, na praia da Massambaba, próximo ao Cabo Frio, indicou um recuo da crista da duna frontal durante a ação de tempestades extremas com tendência de posterior retorno à sua posição inicial. A formação de um banco na antepraia, após uma das mais severas tempestades, com volume superior ao do campo de dunas frontais, indica que tempestades excepcionais produzem erosão, mas podem também recompor o estoque de areia a partir de remobilização da espessa cobertura de sedimentos quartzosos, da plataforma continental interna, em direção à costa contribuindo para o reequilíbrio do balanço sedimentar.

Palavras-chave: Erosão costeira, eventos extremos, estabilidade costeira, Rio de Janeiro, Brasil.

 

ABSTRACT
The coastline eastward from Rio de Janeiro up to Cape Frio is characterized by long and straight beach barriers frequently backed by lagoons and segmented by rocky headlands. No continental sediments are delivered to the continental shelf due to presence of the sandy beach barriers. With a generally east-west direction the coastline is directly exposed to storm waves from the south, with the longshore sediment transport tending to be in equilibrium.
Episodes of coastal erosion associated to storm events due to the passage of cold fronts from the south induced a general retrogradation of the backshore scarp as also widespread wave overwash. Urbanization of the coast is discontinuous and occur in clusters with the constructions frequently build in the immediate proximity of the beach. After a severe storm in May 1991 houses as also part of the pavement of the coastal road were destroyed. Subsequent storms also affected the coast but with less damage to proprieties.
Considering the general vulnerability of the coast due to storm wave attack and associated risk to the urbanized areas, a question is posed about the stability of the shoreline considering the evidences of erosion as either a general trend of a backward shift of the coastline or only a response to extreme events with subsequent recovery of the shoreline position.
In an attempt to answer these questions topographic profiles were measured along different compartments of the coast for comparison with previous surveys dated back to the second half of the last century as also a continuous monthly survey carried out during fourteen years, from 1996 to 2010, encompassing a wide range of weather conditions. The results indicated that, in spite of the wide variation in width and volume of the beach profiles, no evidence of retrogradation of the shoreline during the last three to four decades was found. A backward shift of the foredune crest after storm events with a subsequent trend to return to the previous position was found on the beach-foredune system near Cape Frio indicating the occurrence of a dynamic equilibrium between the most frequent northeast offshore wind and the less frequent onshore wind associated to wave overwash. The development of an offshore bar, after one of the most extreme storm events, with a greater volume of sand as the one of the foredunes, suggests that the erosion caused by storm surges may be locally compensated by the transfer of sands from the innershelf toward the coast with the consequent increase of the foreshore sediment stock. This may explain why the whole coastal stretch of the south coast of Rio de Janeiro state remains relatively stable in spite of the absolute absence of continental sediment input. This may also be a factor to be considered as a partial compensation for a sea level rise when associated to an increase in frequency and intensity of storm events.

Keywords: Coastal erosion, extreme events, coastal stability, Rio de Janeiro, Brazil.

 

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