Volume 12, Issue 2 - June 2012
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Revista de Gestão Costeira Integrada
Volume 12, Número 2, Junho 2012, Páginas 131-146
DOI: 10.5894/rgci297
Submissão:
22 Agosto 2011; Avaliação: 17 Outubro 2011; Recepção da versão revista:
4 Janeiro 2012; Aceitação: 11 Jneiro 2012; Disponibilização on-line: 27
Fevereiro 2012
Qualidade recreacional e capacidade de carga das praias do litoral norte do estado da Bahia, Brasil *
Recreational quality and carrying capacity of
Bahia State Northern coast beaches, Brazil
Iracema Reimão Silva@, 1, Abílio Carlos da Silva Pinto Bittencourt2,
J. A. Dias3, José Rodrigues de Souza Filho4
@ - Autora correspondente: iracema@pesquisador.cnpq.br; silvair@ufba.br
1 - Universidade Federal da Bahia, Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e
do Meio Ambiente, Instituto de Geociências, Rua Caetano Moura, 123 –
Federação – CEP40210-340 – Salvador, Bahia, Brasil.
2 - Universidade Federal da Bahia, Laboratório de Estudos Costeiros,
CPGG, Instituto de Geociências, Rua Caetano Moura, 123 – Federação –
CEP40210-340 – Salvador, Bahia, Brasil.
3 - CIMA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do
Algarve, Edifício 7, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, Portugal.
4 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus
Uruçuca. Rua Dr. João Nascimento S/Nº - Centro Uruçuca, Bahia, Brasil.
RESUMO
O litoral norte do estado da Bahia compreende sete municípios - Lauro
de Freitas, Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e
Jandaíra - em aproximadamente 200 km de litoral. Os três primeiros
apresentam um litoral com urbanização consolidada ou em processo de
consolidação, já os demais, apresentam, na maioria de sua extensão,
praias desertas ou semi-desertas, com pouca ou nenhuma urbanização do
seu litoral. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade
recreacional e a capacidade de carga das praias do litoral norte da
Bahia, bem como os seus limites ecológicos, oferecendo subsídios aos
planos de uso e ocupação deste litoral. A qualidade recreacional das
praias estudadas foi avaliada a partir da análise de 20 (vinte)
indicadores de qualidade geoambiental e 12 (doze) de infraestrutura,
classificados em diferentes graus de atratividade. De acordo com o
método de estudo empregado, as praias de Vilas do Atlântico,
Buraquinho, Itacimirim, Praia do Forte, Imbassaí e Subaúma foram
classificadas como de alta qualidade recreacional, e as praias de Busca
Vida, Interlagos, Santo Antônio, Porto Sauípe, Massarandupió, Baixio e
Sitio do Conde como de baixa qualidade recreacional. No primeiro caso,
a maior parte das praias apresentou zonas abrigadas para banho e uma
boa oferta de restaurantes e meios de hospedagem, não existindo
evidências de lançamento de efluentes , nem estruturas antropogênicas
que dificultem o uso. Já naquelas classificadas como de baixa qualidade
recreacional, em geral, não existem zonas abrigadas para banho nem uma
boa infraestrutura turística e de serviços. Com relação à capacidade de
carga, as praias de Buraquinho, Vilas do Atlântico, Ipitanga,
Itacimirim, Interlagos, Santo Antônio, Praia do Forte e Barra do
Itariri apresentaram os menores valores de capacidades de carga
(inferiores a 10.000 pessoas/dia), considerando uma área ideal de 10
m2/usuário. Por outro lado, as praias com maior capacidade de carga,
acima de 30.000 usuários/dia, são as de Massarandupió, Sitio do Conde,
Baixio e Costa Azul. As praias de Buraquinho, Barra do Jacuípe,
Itacimirim, Praia do Forte, Imbassaí, Porto Sauípe, Massarandupió,
Baixio, Barra do Itariri, Costa Azul e Mangue Seco apresentaram um
limite ecológico mais restritivo para a capacidade de carga -
estabelecido com base em características da cobertura vegetal, número
de ecossistemas nas proximidades da praia e densidade de construções
fixas - e apenas a praia de Ipitanga apresentou um limite ecológico
menos restritivo. Por fim, recomenda-se que os planos de gestão
considerem de forma integrada as características recreacionais das
praias, baseadas em parâmetros geoambientais e de infraestrutura, e a
sua capacidade de carga, considerando os limites ecológicos e de
acomodação destas praias.
Palavras-chave:qualidade recreacional, capacidade de carga, gerenciamento costeiro.
ABSTRACT
The
Beaches of Bahia State Northern Coast are stretched over seven
municipalities - Lauro de Freitas, Camaçari, Mata de São João, Entre
Rios, Esplanada, Conde and Jandaíra - approximately 200 km of
coastline. The first three counties are closer to the Salvador
Metropolitan Area (the State Capital). They include mostly urbanized
and developed coastline segments, or sections being developed. The
remaining counties present mostly pristine or uninhabited coastlines
interrupted by occasional lightly-occupied areas. This study is
aimed at evaluating the recreational quality and carrying capacity of
these beaches, as well as its ecological constraints, providing
scientific basis for local development planning. The recreational
quality of these beaches was evaluated based on an approach involving
indicators geo-environmental quality indicators (twenty) and available
infrastructure (twelve). These indicators were identified and described
during fieldwork (data collecting) undertaken between October 2010 and
January 2011. The indicators were classified under three
different levels of attractiveness: 1 for the lowest and 3 for the
highest quality. The average area occupied per person (current
scenario) was estimated for all beaches. The available area was
measured and the carrying capacity was estimated based on “user
perception” of “ideal occupation” for recreational activities.
According to this approach, the beaches of Vilas do Atlântico,
Buraquinho, Itacimirim, Praia do Forte, Imbassaí and Subaúma were
classified as providing high recreational quality for their users.
Conversely, the beaches of Busca Vida, Interlagos, Santo Antônio, Porto
Sauípe, Massarandupió, Baixio and Sitio do Conde were classified as
providing low recreational quality. In the first group, most
beaches had naturally sheltered areas allowing safe water activities
and a reasonable service infrastructure (restaurants and
lodging). In addition, these beaches are apparently free of sewage
and other man-made structures impacting recreational
activities. Most beaches classified as providing low recreational
quality offered no naturally protected areas for water activities or
acceptable recreational infrastructure such as restaurants, snack bars,
restrooms, lodging, etc. Regarding the carrying capacity analysis,
the beaches of Buraquinho, Vilas do Atlântico, Ipitanga, Itacimirim,
Interlagos, Santo Antonio, Praia do Forte and Barra do Itariri
presented recreational area during low tide inferior to 100,000 m2,
comprising the lowest values for carrying capacity (<10,000
people/day). The study assumes 10 m2/person (user) as the ideal
carrying capacity scenario. The beaches classified as having
superior carrying capacity are Massarandupió, Sitio do Conde, Baixio
and Costa Azul, all superior to 300,000 m2 and carrying capacity beyond
30,000 users/day. Buraquinho, Barra do Jacuípe, Itacimirim, Praia
do Forte, Imbassaí, Porto Sauípe, Massarandupió, Baixio, Barra do
Itariri, Costa Azul and Mangue Seco beaches presented more restrictive
carrying capacity limits – based on parameters such as plant cover,
vulnerable ecosystems (mangroves, coral reefs, lagoons and dunes) near
the coastline and density of man-made permanent structures within the
coastal strip (50 meters from the shoreline). Only Ipitanga beach
presented less restrictive ecological limits. The reaming
beaches of Costa dos Coqueiros Region showed intermediate ecological
limits. Therefore, most beaches included in the present study
should have implemented tools for limiting their use based on their
ability to accommodate users and provide them with recreational
services. Although Ipitanga beach has presented less restrictive
ecological limits, one must be aware of its low carrying
capacity. Tourism and beach development planning must take into
account geo-environmental and infrastructure constraints for they will
affect recreational quality. Beaches providing superior
recreational quality tend to attract more users but occupation must
respect local ecological limits. Therefore, each beach must be
dedicated to uses consistent with their capabilities and constraints.
Keywords: recreational quality, carrying capacity, local development planning.
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