A viabilidade das barragens de BCC em Portugal

Título:

A viabilidade das barragens de BCC em Portugal

Resumo:

1. INTRODUÇÃO A construção de barragens de BCC (Betão Compactado com Cilindros) em Portugal não tem passado de intenções, o que poderá parecer estranho dado o interesse crescente por este tipo de obras em todo o mundo e o estado de avanço no domínio das novas técnicas de construção. Por razões defíceis de explicar, de entre os países com tradição no projecto de barragens, Portugal é um dos poucos onde a nova técnica BCC ainda não foi utilizada. Este facto justifica desde já o seu interesse e a insistência na consideração deste tipo de solução. 2. OBJECTIVO Efectua-se uma apresentação muito sucinta dos estudos realizados sobre as barragens de Odelouca, Pinhosão, Ribeiradio, Odeleite e Sabugal (Instituto da Água, Quinta das Laranjeiras e Feiticeiro (EDP) e Veiguinhas (C.M. Bragança), tendo por objectivo a comparação de soluções tradicionais com as de BCC. 3. CONCLUSÃO As barragens em betão ao utilizarem menor volume de material na sua construção e ao permitirem incorporar no seu corpo de orgãos hidráulicos prestam-se a uma maior economia, relativamente às soluções em aterro ou enrocamento. Em contrapartida, sendo o custo unitário dos betões mais elevado que o dos materiais de aterro e de enrocamento, resulta deste conjunto de factores um custo global que favorecerá economicamente um ou outro tipo de solução. Aqui intervêm naturalmente outros factores, destacando-se pela sua importãncia, a exigência de melhores características do aterro de fundação para as soluções rígidas, a topografia do vale, o tipo de materiais de construção disponíveis, a sua localização e a distãncia de transporte aos locais de trabalho. A solução em BCC oferece sobre a solução em betão convencional a vantagem entre outras, de uma redução no tempo de execução, sendo esta ainda mais significativa relativamente às soluções em aterro e enrocamento. Este facto tem consequências directas e indirectas, designadamente: – minimização dos custos fixos (direcção das obras, tempo de estaleiro, ocupação de equipamentos, indemnizações a terceiros, fiscalização do dono da obra, etc) – Redução do tempo de agressão ao meio ambiente – Geração de mais receitas, pela possibilidade de maior rapidez na entrada em funcionamento para os fins a que se destina. Admitindo que o conjunto dos factores em jogo leva à obtenção do mesmo custo para uma solução BCC e outra, que opção tomar? a) sob o ponto de vista da Segurança, as soluções em betão prestam-se a menores riscos (apenas 17% dos acidentes com rotura se verificam embarragens de betão)[5]. Por outro lado este tipo de barragens também permite uma maior facilidade de intervenção no reforço dos aspectos relativos à Segurança. b) No que respeita às questões ambientais, a maior dificuldade de integração paisagística do betão e a necessidade de maior volume de inertes a extrair, já que a abertura de novas pedreiras constitui uma maior agressão à natureza , pesa contra as soluções BCC. O interesse pelo BCC demonstrado com o crescente número de obras realizadas em todo o Mundo, sobretudo nos últimos dez anos, prespectiva para Portugal a utilização desta técnica, uma vez ultrapassada a incerteza sobre a sua competitividade em termos de custos directos. Contrariamente ao que se pensava atá há poucos anos, a recente evolução técnica neste domínio levou inclusivé, a que o BCC tenha sido utilizado na construção de barragens em arco pouco espesso (barragem de XiBin, na China 63 m de altura [7] e de gravidade com grande altura (Longtan – 2ª fase, na China – 216 m de altura; Pancheshwar, entre o Nepal e a India – 310 m de altura [7]). Outra aplicação do BCC poderá ser a construção de descarregadores sobre aterros, com muito interesse, nomeadamente, no reforço da Segurança de Barragens já construídas em que tenha havido subavaliação dos caudais de cheia. Em síntese, perante diferentes soluções de construção de uma barragem: a) o factor custo é preponderante. A enexperiência de Portugal na utilização da técnica BCC poderá estar a pesar significativamente na dificuldade de lhe conferir custos competitivos. b) Veiguinhas, Ribeirando, Quinta das Laranjeiras e Feiticeiro, perspectivam-se como possíveis barragens a serem construídas em BCC. c) Quando os custos de uma solução BCC e de outro tipo se equivalem, o investimento em medidas de minimização efectivamente convincentes dos impactes ambientais (integração ambiental, recuperação das pedreiras) poderá não ter custos significativos e perante os fortes argumentos atrás descritos (rapidez de execução, inovação tecnológica) levar à escolha da solução BCC.

Autores:

Jovelino N.A. de Matos Almeida, Jorge M. de Sousa Cruz

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