Título:
Aproveitamento dos recursos hidráulicos dos rios Pungoé e Búzi
Resumo:
1 – INTRODUÇÃO Dá-se a conhecer o potencial hidroeléctrico e hidroagrícola duma vasta região do grande país que é Moçambique. Traz-se ao conhecimento público alguns resultados de dois estudos sobre bacias hidrográficas vizinhas, realizados, entre meados de 1972 e fins de 1982, por uma equipa multidisciplinar de técnicos portugueses, que a autora integrou, para serviços oficiais de Moçambique: – Esquema Geral da Bacia do Rio Pungoé, Direcção Provincial dos Serviços Hidráulicos, 1972-73 e – Avaliação do Potencial de Desenvolvimento e Aproveitamento dos Recursos Hidráulicos da Bacia Hidrográfica do Rio Búzi, Direcção Nacional de Águas (DNA, 1978-82, estudos que abrangeram uma área de cerca de 55 360 Km2 situada nas províncias de Manica e Sofala. 2 – OBJECTIVO Os rios Pungoé e Búzi desaguam ambos junto à cidade da Beira. As respectivas bacias hidrográficas, confinantes, situam-se entre os paralelos 17º30′ e 20º55′ S e os meridianos 32º20′ e 35ºE, totalizando uma área de 60 790 Km2 da qual uma parcela de 5 430 Km pertence ao Zimbabwé. A precipitação média anual ponderada sobre aquela área foi calculada em 1 130 mm. As mais altas precipitações ocorrem de Novembro a Março, com um pico geralmente em Janeiro. O período seco verifica-se de Maio a Outubro, com mínimos em Julho ou Setembro. As temperaturas médias anuais oscilam entre 15ºC e 25ºC na bacia do Pungoé e 12ºC e 25ºC na do Búzi. as isoevaporimétricas variam entre 1 113 mm e 1 310 mm, função da altitude. Segundo Koeppen, dois tipos de clima se encontram na bacia do rio Pungoé Aw – tropical, chuvoso de savana e Cw – temperado, moderadamente chuvoso, de invernos secos não rigorosos. Na bacia do rio Búzi, além daqueles dois, ainda se encontra um terceiro tipo: Bs – seco de estepe. Determinaram-se, na bacia do rio Pungoé, os escoamentos anuais afluentes às secções de treze estações hidrométricas seleccionadas, fez-se a sua análise estatística e estabeleceram-se correlações entre escoamentos e áreas de bacias drenadas por qualquer secção do rio. Conhecidas as disponibilidades hídricas, as características pedológicas e os condicionamentos topográficos e geológicos esquematizaram-se quatro grandes aproveitamentos hidroagrícolas: Nhandugué, Vila Gouveia, Mavuzi e Baixo Pungoé num total de cerca de 244 000 hectares de área regável. Pré-seleccionaram-se trinta e oito aproveitamentos hidroeléctricos ou de fins múltiplos – produção de energia, rega, abastecimento de água às populações, defesa contra cheias e regularização fluvial. A energia anual produtível garantida, considerando cada aproveitamento isolado, é de cerca de 1 239 GWh, no total. Na bacia do rio Búzi seleccionaram-se nove estações hidrométricas e estabeleceram-se regressões das precipitações úteis H sobre as precipitações efectivas do tipo H = a(P+B)2. Fez-se a análise estatística dos escoamentos anuais e esboçaram-se mapas de isolinhas de escoamento. Localizaram-se vinte e cinco aproveitamentos hidráulicos, para além dos já existentes da Chicamba Real e das Quedas do Revué, e, feita a exploração das albufeiras respectivas, determinou-se para cada um o caudal regularizável. Atentas as características dos solos e as disponibilidades de água, definiram-se doze blocos de rega: Chimezi-Messica, Vanduzi, Sussundenga, Dombe, Espungabera, Gogoi, Chibabava, Grudja, Mecicabo, Estaquinha-Mandire, Manica e Rotanda, num total de cerca de 163 300 hectares de área beneficiável. A energia anual produtível garantida é de cerca de 1 335 GWh na totalidade dos vinte e oito aproveitamentos seleccionados entre os trinta e dois atrás referidos. 3 – CONCLUSÕES Concluiu-se que, numa vasta área – cerca de 55 ooo Km2 – de Moçambique, situada na província de Manica e Sofala, as disponibilidades hídricas existentes podem permitir regar mais de 400 000 hectares de solos férteis e produzir uma energia de mais de 2 500 GWh a preços relativamente viáveis.
Autores:
Dália Lázaro
