Bioecologia do Caranguejo-Uçá Ucides cordatus (Linnaeus) no Complexo Estuarino Lagunar Mundáu/Manguaba (CELMM), Alagoas, Brasil

Título:

Bioecologia do Caranguejo-Uçá Ucides cordatus (Linnaeus) no Complexo Estuarino Lagunar Mundáu/Manguaba (CELMM), Alagoas, Brasil

Resumo:

Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Brachyura, Ocypodoidea, Ucididae), conhecido como caranguejo-uçá, habita tocas no sedimento do manguezal, sendo bastante apreciado na culinária e na confecção de souvenir. Apesar de sua importância, os estudos sobre sua biologia e pesca no Nordeste continuam escassos. O objetivo deste trabalho foi estudar a bioecologia de U. cordatus, no Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú/Manguaba (CELMM), Alagoas, Nordeste do Brasil, abordando aspectos morfométricos e crescimento relativo, estrutura populacional e ciclo reprodutivo, além de avaliar seu grau de sustentabilidade. Os exemplares foram coletados pelo método do braceamento no período de agosto de 2005 a julho de 2006. Em laboratório, aferiram-se as medidas largura da carapaça (LC), comprimento da carapaça (CC), e peso úmido (Pu). Foram calculadas a razão sexual e a proporção sexual, e diferenças na proporção sexual foram testadas pelo qui-quadrado (χ²). A aplicação do teste ‘t’ de Student possibilitou concluir não haver diferença estatisticamente significante entre os tamanhos e pesos médios de machos e fêmeas. A captura por unidade de esforço (CPUE) foi obtida em termos de caranguejos capturados por catador por hora. As relações LCxCC e LCxPu apresentaram um padrão de crescimento alométrico negativo. O período reprodutivo da espécie foi de Janeiro à Maio, com o fenômeno da ‘andada’ sendo observado em Fevereiro. Os resultados da razão sexual (0,50), da proporção sexual (1:1, 02) e do χ2 (0,04) indicaram uma população numericamente equilibrada, demonstrando não existir diferença estatisticamente significante entre o número de machos e fêmeas. Os exemplares do CELMM encontram-se com tamanho inferior ao registrado para outros manguezais brasileiros, além dos valores da CPUE terem sido baixos, o que sugere um quadro de sobrexplotação da espécie. A influência dos impactos ambientais na população do caranguejo-uçá é discutida, bem como a disponibilidade de outros recursos no CELMM. Conclui-se que a catação da espécie na região atualmente demonstra-se insustentável.

Autores:

Marina S. L. C. Araújo, Tereza C. S. Calado

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