Geohidrologia das águas bicarbonatadas e gasocarbónicas em Portugal

Título:

Geohidrologia das águas bicarbonatadas e gasocarbónicas em Portugal

Resumo:

A Província Hidromineral de águas bicarbonatadas, gasocarbónicas, localiza-se no nordeste de Portugal e caracteriza-se por terrenos montanhosos com granitos hercínicos e metassedimentos silúricos, da Zona Geotectónica da Galiza-Trás-os-Montes. Pretende-se caracterizar a especificidade das águas desta província contrastando a hidroquímica, a termalidade e as taxas de descarga versus as litologias, as estruturas e as situações possíveis de recarga. As exsurgências, que são condicionadas por falhas discretas e abertas, não necessariamente activas, ocorrem em agrupamentos que se localizam nos sectores onde as fracturas atravessam unidades litológicas frágeis; são favoráveis os alinhamentos definidos pelas intersecções de falhas nas famílias: a) NNE-SSW, b) ENE-WSW, c) NE-SW e d) NW-SE. Às famílias a) e b) pertencem alguns lineamentos regionais que se associam em grabens cruzados, com células de subsidência quadriláteras, cujos vértices obtusos sãp favoráveis à ascensão e emergência de águas minerais. Os canais de circulação acontecem nos troços em que as zonas de falha estão mais descomprimidas. Relativamente aos parâmetros hidroquímicos salientam-se: 1) Os elevados teores em CO2, entre 1100mg/l e 2450mg/l, e em HCO3, entre 850mg/l e 2460mg/l; 2) Na/Ca, com valores entre 0,5 e 25, e que se podem agrupar em 4 diferentes classes correspondentes a outros tantos conjuntos também identificados pela concentração em SO4 2-; 3) os teores em SiO2 com um espectro descontínuo entre 12 e 95 Mg/l, controlados por domínios geológicos específicos; 49 O F pode ser usado para descriminar as situações hidroquímicas com forte afinidade à litologia granítica. A termalidade varia entre os 9ºC e os 75ºC, ultrapassando-se apenas em Chaves os 20ºC, num total de 22 sítios inventariados. A aplicação dos geotermómetros, teoricamente desaconcelhada, explicita grandes diferenças entre os termómetros, mas virtualmente confirma a existência de sistemas hidroquímicos discretizados. É possível gerar sub-grupos discretos nesta província, com base nas litologias nas estruturas; particularmente importante é a discriminação entre os sistemas ligados a grabens activos e os outros sistemas condicionados por estruturas menores. Os teores químicos e os dos isótopos estáveis permitem uma interpretação que aponta para a origem destas águas como resultado de reacções entre água meteórica e rochas crustais, a prifundidade moderadas; Propõem-se duas fases de mineralização: a primeira como resultado da interacção água meteórica-rochas metapelíticas/carbonosas ou carbonatadas e a segunda resultante da interacção água gasocarbónica-rochas graníticas. As taxas de descarga dos diferentes sistemas hidrominerais são compatíveis com os 3 tipos de cenários morfo-esrtruturais propostos para a recarga: 1) em zona planáltica, 2) ao longo de grabens e 3) em curtos domínios lineares, bastante fracturados, e com rios sobreimpostos.

Autores:

Fernando L. Pacheco, Martim R.V. Portugal Ferreira, Alcino Sousa Oliveira, Ama M. Alencoão

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