Título:
O porquê da inversão das restingas na costa ocidental portuguesa
Resumo:
Verifica-se na costa ocidental portuguesa, um facto algo contraditório no que se refere ao movimento de sólidos ao longa da costa. Com efeito é considerado, e comprovado por alguns estudos, que o movimento de sólidos que se virifica ao longo da costa atlântica portuguesa se faz de Norte para Sul. Tal deve-se a que a ondulação marinha ao largo tem orientação predominante do quadrante Noroeste (produzindo portante obliquidade para Sul), o que se manifesta por acumulação de sedimentos do lado Norte, sempre que é construida uma estrutura de retenção perpendicular à praia, como é o caso dos esporões que existem em vários pontos da costa Noroeste, nomeadamente na região de Espinho. Observa-se contudo ao longo de todo o litoral atlântico português, a existência de restingas ou cabedelos (spits) que, ‘enraizando’ na maregm Sul dos rios se alongam para Norte provocando em muitos casos um grande desvio, para Norte, da foz destes rios. Tal facto deve-se, em nosso entender, a uma inversão no sentido do movimento dos sólidos, por efeito da refracção da ondulação que se observa nestas regiões e que será devida à presença do leque de sedimentos que se depositam na foz dos rios. Cumulativamente, e especificamente no caso português, verifica-se ainda um movimento de sedimentos para Norte,ao longo da praia alta e entepraia produzido por ventos de Sudueste que apesar de menos frequentes que os de Norte apresentam no entanto velocidades bastante maiores. Quando neste meio é artificialmente introduzida uma estrutura que possa ocasionar alterações na dinâmica local, seja por modificar a ondulação quer provocando a retenção de sedimentos, originam-se desiquilíbrios maio ou menos graves que, a distâncias por vezes consideráveis, vão provocar fenómenos de erosão acelarada, pondo em risco as costas adjacentes a sotamar.
Autores:
António M. Caetano Alves