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Arriba (marinha) ou Falésia (I. cliff)

Forma particular de vertente costeira, com declive forte (15º a 90º).
Com frequência utiliza-se como sinónimo o termo falésia, galicismo supérfluo que, todavia, está plenamente integrado na língua portuguesa.
As arribas são talhadas pela acção conjunta de agentes morfogenéticos marinhos, sub-aéreos e/ou biológicos, podendo verificar-se franca dominância de um destes agentes.
As arribas podem ser talhadas em, praticamente, todas as litologias. As arribas mais altaneiras são, como é óbvio, talhadas nas rochas mais resistentes à abrasão (granitos, gneisses, calcários dolomíticos, etc.). Porém, também é frequente a ocorrência de arribas, embora normalmente com pequeno comando, em rochas pouco consolidadas ou inconsolidadas (areias das dunas costeiras, tilitos, etc.).


Arriba 1 (Sagres).jpg - Arribas de Sagres (Algarve, Portugal), talhadas em calcários dolomíticos.

As arribas podem ter altura (comando) muito variável, desde poucos metros a várias centenas de metros. Uma das arribas com maior comando na Europa é a do Cabo Girão, localizado na ilha da Madeira, que tem quase 600 metros de altura.

Arriba 2 CaboGirao.jpg - Arriba do Cabo Girão (Ilha da Madeira, Portugal), cujo comando (altura) é de 580 metros.

A parte superior da arriba, em que se verifica ruptura de pendor de ordem maior que corresponde à transição da face da arriba para a zona superior, mais aplanada, ainda não modelada pela evolução da vertente costeira, designa-se por crista da arriba. Esta, pode ser mais bem definida, correspondendo ao vértice de um ângulo quase recto, ou ser mal definida, existindo apenas variação progressiva de pendor.
Na base da arriba define-se, com frequência, uma zona de escavamento provocado pela actuação da onda, que se designa por sapa, e que pode ser mais ou menos pronunciada. É a progressiva evolução desta sapa que tira sustentação à parte sobrejacente da arriba, acabando esta por cair, o que tem como consequência que toda a face da arriba acabe por evoluir e recuar na direcção ao continente.
Quando a arriba foi geneticamente constituída por movimentações de índole geológica (como a reactivação de uma falha ou qualquer movimento de massa, tanto rotacional, como translacional) aplica-se o termo de escarpa costeira.
Nas arribas marinhas, como o nome indica, a actuação dos processos marinhos é francamente dominante, embora a actuação dos processos sub-aéreos ou biológicos possa ser, também muito importante. É o jogo entre estes diferentes conjuntos de processos (principalmente os primeiros dois), interagindo com as camadas mais resistentes e com as superfícies de fraqueza estrutural, que acaba por definir a forma do perfil da arriba. Regra geral, quando a actuação dos processos marinhos é muito maior do que a dos processos sub-aéreos, o perfil da arriba apresenta tendência para a verticalidade, e os ângulos correspondentes à crista e à base da arriba tendem a ser rectos.


Arriba 3.jpg - Matriz de perfis de arribas activas. M – processos marinhos;
SA – processos sub-aéreos. Adaptado de Emery & Khun (1982)

À medida que os processos sub-aéreos vão adquirindo importância crescente relativamente aos processos marinhos o perfil resultante apresenta tendência para ser mais adoçado, com menor pendor, e com ângulos obtusos na base e na crista da arriba.
Quando os processos marinhos deixam de actuar a base da arriba, o perfil desta modifica-se. Os materiais provenientes dos processos sub-aéreos sobre a arriba deixam de ser evacuados pela agitação marítima e acumulam-se junto à base, constituindo um talude. A arriba marinha atinge, então, o estado de arriba inactiva.


Arriba 4.jpg – Representação esquemática dos três estágios principais da evolução de uma arriba. Modificado de Emery & Khun (1982)

Se a arriba continua durante muito tempo a não ser actuada pelos processos marinhos, os processos sub-aéreos vão erodindo a sua parte superior e depositando os materiais junto à base, onde se constitui um depósito de sopé. O perfil da arriba adquire forma sigmoidal, atingindo o estado de arriba fóssil. [JAD]

No Brasil utiliza-se o termo “Falésia”. O termo é usado indistintamente para designar as formas de relevo litorâneo abruptas ou escarpadas ou, ainda, desnivelamento de igual aspecto no interior do continente. [TR]