Análise por modelação matemática da interacção entre o aquífero Évora-Montemor-Cuba e o rio Almansor

Título:

Análise por modelação matemática da interacção entre o aquífero Évora-Montemor-Cuba e o rio Almansor

Resumo:

A construção do perímetro de rega dos Minutos, no concelho de Montemor-o-Novo, nasceu da necessidade de proporcionar aos agricultores uma origem de água numa região caracterizada pela escassez de recursos hídricos. De entre os vários impactes esperados está o recorrente da alteração de uma agricultura de sequeiro para uma de regadio, já que essa modificação poderá ter repercussões quer na hidrodinâmica do aquífero, por aumento da recarga efectiva, quer na possível deterioração da qualidade da água subterrânea, induzida pelo uso excessivo de fertilizantes e pelas incorrectas práticas de rega. Na área do perímetro de rega dos Minutos, parte da água subterrânea do sistema aquífero Évora-Montemor-Cuba drena para o rio Almansor enquanto a outra parte fluí no sentido da ribeira de Lavre. A unidade aquífera é não confinada com o nível freático situado a pequena profundidade, factor que contribui para que o aquífero seja mais vulnerável à contaminação de origem agrícola. A recarga é difusa com origem na precipitação ou na irrigação. A piezometria desta região foi estimada através da krigagem universal com um modelo de deriva linear. Este tipo de krigagem pressupõe o uso de um variograma experimental dos resíduos dos níveis freáticos obtidos após a remoção da deriva. Como o semi-variograma isotrópico dos resíduos revela a existência de duas estruturas imbricadas a escalas diferentes, foram ajustados dois modelos esféricos. Com base no mapa krigado da piezometria foi possível atribuir, no modelo numérico ASM (“Aquifer Simulation Model”), às células limítrofes do aquífero um potencial constante (condição de fronteira do tipo Dirichlet). Na Figura 1 observa-se a piezometria após modelação numérica. Através da utilização de um modelo de simulação numérica avaliaram-se as áreas no perímetro de rega que contribuem com maior expressão para o transporte dos poluentes em direcção ao rio Almansor. Com esse fim determinaram-se as velocidades de escoamento para valores de recarga médio (Figura 2) e nulo. Estes cenários foram calibrados antes do início do funcionamento do perímetro de rega. O modelo nessas condições foi calibrado utilizando-se os níveis freáticos monitorizados em diferentes épocas. Uma análise estatística das velocidades médias e dos sentidos do escoamento subterrâneo, mostrou que:

    a) As velocidades de fluxo das águas subterrâneas vão sendo cada vez mais pequenas, à medida que nos afastamos das margens do rio Almansor. Caso se verifique a contaminação das águas subterrâneas por poluentes solúveis em água, as áreas de velocidades de fluxo superiores poderão contribuir mais expressivamente para a poluição do rio Almansor;
    b) as zonas do aquífero localizadas a distâncias inferiores a 100 m do rio Almansor serão, eventualmente, as mais importantes no transporte de poluentes para o curso de água e área ribeirinha;
    c) na margem sul do rio ocorrem dois tipos de ocupações do solo no aquífero, que por se localizarem em áreas em que as velocidades do fluxo subterrâneo são mais elevadas, podem eventualmente, contribuir para a contaminação das águas subterrâneas e superficiais; caso do itinerário E90, que faz fronteira com o aquífero numa área onde é expectável a entrada de água no sistema. Outro eventual factor que poderá alterar os fluxos subterrâneos é o que decorre da exploração do perímetro de rega dos Minutos;
    d) a área sul do aquífero possuí velocidades de fluxo subterrâneo superiores às da área norte para os cenários de águas altas e baixas.

Autores:

Luís Ribeiro, Maria Paula Sofio Mendes

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