Estimativa da recarga de águas subterrâneas a partir da análise dos hidrogramas de escoamento superf

Título:

Estimativa da recarga de águas subterrâneas a partir da análise dos hidrogramas de escoamento superf

Resumo:

No âmbito da preparação da folha 6 da Carta Hidrogeológica de Portugal na escala 1:200 000, que abrange genericamente a região do Alto Alentejo (Portugal), foram estudadas dez bacias hidrográficas, utilizando precipitações e escoamentos monitorizados pelo Instituto da Água (INAG). Dependendo da bacia hidrográfica, foram analisadas séries de escoamento relativas a períodos de 4 a 28 anos hidrológicos, onde se estimaram precipitações anuais médias entre 489 mm/a e 936 mm/a e escoamentos totais anuais médios entre 49 mm/a e 623 mm/a. Utilizando uma técnica de decomposição dos hidrogramas de escoamento, obtiveram-se escoamentos de base anuais médios entre 17 mm/a e 423 mm/a, que correspondem a valores entre 3 % e 45 % da precipitação calculada nas bacias (Quadro 1). Utilizando os valores de escoamento de base anuais e os valores de precipitações anuais, apresentam-se na Figura 1 as funções de escoamento de base anual vs. precipitação anual para cada bacia hidrográfica. Os valores de escoamento de base anuais médios são analisados criticamente e esta informação é cruzada com as áreas de afloramento de agrupamentos de formações geológicas definidos para este efeito, concluindo-se quanto ao respectivo comportamento hidrogeológico. A técnica de cruzamento da informação visa o cálculo de um coeficiente de escoamento de base (c Eb j) característico de cada agrupamento de formações geológicas, que representa, para cada agrupamento, a parte da precipitação que é transformada em escoamento de base (Quadro 2). As rochas carbonatadas do soco hercínico originam coeficientes nulos, o que se justifica por não haver coincidência entre as bacias hidrográficas e hidrogeológicas (c Eb j = 0.0 %). Nas restantes formações obtiveram-se resultados entre 3.5% e 21.9%. O erro resultante da aplicação dos coeficientes encontrados ao conjunto das bacias foi de 59 mm (excluindo a bacia de Rasa). Em relação aos resultados que constam no Quadro 2, refira-se: (1) Formações do Quaternário: o valor de c Eb j de 9.0% poderá estar subvalorizado uma vez que estão identificadas numerosas situações em que as aluviões são recarregadas pelos aquíferos envolventes; (2) As formações atribuídas ao Pliocénico, que incluem níveis aquíferos nos arenitos de Almeirim e nos conglomerados de Ulme, apresentam c Eb j = 21,9%, enquanto as formações do Miocénico (argilas de Tomar e a formação de Vale de Guiso), devido à sua fácies mais argilosa, apresentam c Eb j = 6,3%; (3) As diversas formações essencialmente xistentas atribuídas ao Paleozóico, são representadas por 3,5%, o que poderá reflectir um comportamento global médio nestas formações (4) O valor de c Eb j = 12,0% para as formações pré-câmbricas poderá resultar de se tratar de rochas muito duras e frágeis, intensamente fracturadas, que originam numerosas pequenas nascentes; (5) Nas rochas intrusivas parece haver uma contribuição para o escoamento de base das bacias crescente com a idade (3,9%, 6,6% e 21,3%), o que poderá relacionar-se com o grau de tectonização e meteorização destes maciços. Também as texturas porfiróide e gnaissóide parecem incrementar este contributo.

Autores:

Manuel M. Oliveira, Augusto M. Costa, Alain Francés

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