Estudo preliminar da erodibilidade de solos em áreas de encosta em meio urbano. Resultados prelimina

Título:

Estudo preliminar da erodibilidade de solos em áreas de encosta em meio urbano. Resultados prelimina

Resumo:

O crescimento desordenado das cidades brasileiras devido à falta de planejamento urbano, tem trazido sérios problemas ambientais. Políticas de ordenamento do uso e ocupação do solo deficientes têm motivado a construção desordenada em áreas de encosta por parte da população de baixa renda. Neste processo, a retirada da cobertura natural preexistente tem acelerado a erosão do solo, trazendo um incremento na produção de sedimentos. Os efeitos da perda de solos podem causar deslizamentos das encostas, gerando vitimas ou colocando em risco a vida das pessoas que moram nestas áreas. Neste sentido, o melhor entendimento dos processos erosivos ajudará no cálculo da produção de sedimentos e servirá para uma melhor compreensão da influência da erosão nos deslizamentos e desmoronamentos. O presente trabalho estuda a erodibilidade do solo em áreas de encosta com risco de deslizamentos na zona urbana da cidade do Salvador, Bahia. O projeto foi dividido em três etapas: a primeira, já concluída, tratou-se da montagem e calibração de um simulador de chuva; a segunda, também concluída, constou do levantamento de informações sobre solos, dados pluviométricos e escolha das áreas específicas de estudo; e a terceira etapa consiste da execução de testes de erodibilidade em amostras indeformadas coletadas e da avaliação dos resultados. Para desenvolvimento do projeto, está sendo utilizado um simulador de chuva de disco giratório modelo FEL 3, fabricado pela Armfield e composto por uma câmara pulverizadora suportada por uma estrutura metálica e por um módulo de serviço. O equipamento funciona através do bombeamento de água do reservatório até o medidor de fluxo, o qual permite ajustar a vazão desejada. Em seguida, a água é encaminhada para o sistema de aspersão (bocal) que possui uma derivação para conhecimento da pressão da água que chega no bocal via um manômetro de Bourbon. O jato de água é interceptado pelo disco giratório, cuja abertura varia de 5° a 40° de 5° em 5°, permitindo obter uma variação na intensidade das precipitações induzidas. A água interceptada que não passa pelas placas do disco retorna para o reservatório. Foram realizados vários experimentos de calibração do simulador que permitiram obter a variação da intensidade e uniformidade de chuva simulada. Com o aumento da abertura do disco e variação da pressão foram obtidas intensidades que variam de 55,29 mm/h a 419,43 mm/h Para estudo da erodibilidade, foram realizados, inicialmente, ensaios com precipitação média de 70 mm/h e 3 declividades. Estes ensaios foram feitos com a formação Barreiras (areia siltosa de cor rosa) e com três repetições para cada inclinação. A preparação da amostra começa com a abertura de um bloco e o nivelamento da superfície de moldagem. Para facilitar a moldagem de amostras indeformadas construiu-se 4 moldes de aço inoxidável com a base das paredes em forma de bisel. Estes moldes têm um dos lados rebaixados de 0,5 cm para facilitar a saída dos sedimentos pelo funil vertedor. Para reduzir o atrito e facilitar a cravação da caixa biselada no solo, aplica-se vaselina na face interna da mesma. Das aparas da moldagem, coleta-se material para determinação da umidade natural do bloco em estufa a 105°C. Depois de moldado, a caixa biselada é colocada dentro da caixa de ensaio, e o conjunto, depois de pesado, é levado para um tanque com uma lâmina d’água de 5 (cinco) cm para que, por capilaridade, a amostra atinja uma condição inundada Após 1 (uma) hora, o conjunto é retirado do tanque e levado para o simulador de chuva junto com a rampa e os copos coletores de chuva por um período de 20 min. Para a simulação da inclinação do terreno, construiu-se rampas de madeira com inclinações de 10, 50 e 80% para posicionamento da caixa de lavagem com amostra indeformada. À ponta do funil, é conectada uma mangueira por onde será conduzido o sedimento até um recipiente localizado fora da área de ensaio. Estes sedimentos são provenientes da erosão por lavagem. Ao final do ensaio, o conjunto (caixa de ensaio e amostra) e o material coletado da lavagem são levados à estufa (105°C) sendo que o primeiro necessita de dois a três dias para secar completamente. Com o peso da amostra em estado natural e sua umidade natural, defini-se o peso seco antes do ensaio (Pso) e após a estabilização do peso da amostra em estufa, tem-se o peso seco após o ensaio (Psf). Por diferença, determina-se a perda total de solo. Os sedimentos coletados no recipiente localizado fora da área de ensaio constituem a perda por lavagem. A perda por “splash” é obtida pela diferença entre a perda total e a perda por lavagem. Com os 3 (três) valores de perda para cada declividade, foi possível traçar um gráfico que relaciona a declividade com a perda de solo. Os resultados das perdas totais, por lavagem e por “splash”, dos ensaios executados para a intensidade de 70 mm/h, não apresentaram variação significativa aparentando, neste caso, que a declividade não teve influência nos valores obtidos. Os valores de perda por “splash” para as inclinações de 10 e 50% são aproximadamente iguais e, para a declividade de 80%, o valor obtido é ligeiramente menor. Comportamento similar é observado para os valores das perdas por lavagem e total. No entanto, cabe ressaltar, que os resultados obtidos dos ensaios realizados, podem ter sido influenciados pelo tipo de amostra utilizada (amostra indeformada) e pela dimensão da área exposta à chuva. Novos ensaios deverão ser executados para verificação dos resultados. Observou-se que os valores de perda por “splash” são maiores que os de perda por lavagem, independente da declividade. Isso demonstra que a desagregação do solo indeformado se dá pelo impacto da gota e não pela tensão cisalhante originada pela lâmina d’água do escoamento superficial.

Autores:

Jorge L. Z. Tarqui, Miriam de Fátima Carvalho, Adma T. Elbachá, Júlia C. Fadul, Daniel de S. Machado, V. de Freitas Glauber

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