Sobre um sistema de informação para apoio à gestão de emergências provocadas por cheias induzidas

Título:

Sobre um sistema de informação para apoio à gestão de emergências provocadas por cheias induzidas

Resumo:

As cheias naturais ou induzidas são fenómenos que podem provocar roturas significativas nos sistemas hídricos ao mesmo tempo que podem ter importantes impactos sociais e económicos nos vales afectados. A minimização desses efeitos passa essencialmente por dois tipos de medidas: as medidas estruturais e as não-estruturais, que podem ser preventivas ou reactivas. As acções de resposta à emergência encontram-se entre estas últimas. Para serem efectivas, estas acções têm de ser planeadas com antecedência e requerem a disponibilização de informação muito diversa e proveniente de várias fontes, incluindo a caracterização física e sócio-económica do vale, a identificação dos agentes a mobilizar em caso de catástrofe, e, a inventariação dos meios e recursos disponíveis. Os dados a usar são do tipo alfanumérico ou geográfico e a sua gestão requer ferramentas adequadas de armazenamento, manipulação e disseminação. No caso dos riscos de cheias induzidas por acidentes ou incidentes com barragens, o controlo de segurança, o planeamento de emergência, e a condução das acções de resposta estão regulamentados através do Regulamento de Segurança de Barragens (Decreto-lei nº 11/90 de 6 de Janeiro), que se aplica às barragens com altura superior a 15 m ou com volume de armazenamento superior a 100 000 m3. Segundo este regulamento, estas barragens devem dispor de estudos de análise do risco de rotura e de propagação de inundação e de mapeamento de zonas de risco. Devem ainda elaborar planos de emergência e implementar sistemas de aviso e alerta. Por isso, o planeamento das acções de socorro constitui uma actividade importante da política de protecção civil, desempenhando os planos de emergência um papel essencial na minimização dos riscos de catástrofe. A complexidade do processo de resposta à emergência e a dinâmica do sistema, aliadas ao volume de informação a gerir, sugere que se recorra às tecnologias de informação para apoiar a resposta à emergência. Na prática, tal sistema de informação, está necessariamente associado à gestão de grandes volumes de dados, sendo actualmente, uma base de dados a melhor forma de manter essa informação, independentemente do seu volume. A base de dados é assim uma componente importante deste sistema de informação. Mas, o armazenamento de dados, só por si não é suficiente para apoio às situações de emergência. O sistema deve ainda fornecer um conjunto de funcionalidades que permitam gerir (processar os dados e apresentá-los de forma perceptível aos agentes que tomam decisões), se possível automaticamente, a informação que deve constar nos planos de emergência. Por fim, e não menos importante do que as funcionalidades de processamento dos dados a incluir no sistema, há que considerar a questão do registo dos dados. Por exemplo, na utilização do sistema para a preparação dos planos de emergência, é plausível que, por exemplo, os dados de caracterização dos elementos em risco sejam registados manualmente. No entanto, no caso de se pretender utilizar o sistema numa situação real, não parece plausível que o estado desses elementos (destruídos, inundados, etc.) seja actualizado manualmente. A automatização na recolha e registo de dados é importantíssima caso se pretenda que este sistema seja uma mais valia numa situação real. No caso deste sistema de informação ser utilizado no apoio a acções de formação do pessoal envolvido e em exercícios de simulação, é ainda necessário que inclua funcionalidades para analisar e processar os dados registados durante esses exercícios de treino. Nesta comunicação, tecem-se algumas considerações sobre a resposta à emergência provocadas por cheias induzidas em Portugal e sobre um sistema de informação de apoio às acções de planeamento e à elaboração de planos de emergência duma barragem. Apresentam-se os requisitos funcionais do sistema e a estrutura da base de dados para armazenamento da informação necessária à gestão da emergência (antes, após e eventualmente durante a ocorrência). O sub-sistema de caracterização da barragem contém informação sobre a barragem e os seus órgãos hidráulicos e segurança. O sub-sistema de apoio à emergência contém informação relevante sobre os elementos em risco e os meios e recursos disponíveis bem como os cenários de rotura etodos os procedimentos e acções de resposta à emergência. O sub-sistemas 3 deve conter informação útil sobre as características hidro-morfológicas da albufeira. Por fim, o sub-sistema de monitorização deve dar acesso às observações dos sensores instalados na barragem, com vista à monitorização do seu comportamento, e aos outros sensores hidro-meteorológicos (udómetros, limnígrafos, sismógrafos, etc.) instalados na bacia drenada pela barragem. No sistema a implementar, estes sub-sistemas deverão apenas estabelecer a ligação ao Sistema Nacional de Recursos Hídricos (SNIRH) e ao sistema de observação da barragem, evitando-se assim a duplicação de dados. O acesso ao sistema será feito através duma aplicação Web, acessível através dum navegador de Internet.

Autores:

António Gonçalves, Maria Alzira Santos, Henrique Serrano

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